Antes de falar sobre soluções ou prevenção é necessário que saibamos o que é propriamente o bullying, que difere de uma provocação isolada ou de um confronto entre colegas de escola. O bullying é mais complexo e diferencia-se destes atos isolados pela intenção, pela frequência e normalmente pela falta de equilíbrio de poder ou força física.

Geralmente falando o agressor tem a intenção prévia de provocar ou magoar, tem mais força, seja por porte físico, por superioridade numérica ou por hierarquia e também prolonga o ato do bullying no tempo, praticando-o de forma regular e repetitiva.

O bullying pode ser expresso de várias formas diferentes,

na forma física como bater, empurrar, tocar ou partir objetos; na forma verbal através de insultos, ofensas, alcunhas indesejadas ou ameaças; na forma sócio-emocional como difamação, isolamento social, exclusão de grupo, rejeição ou; na forma de ‘Cyberbullying’, esta mais recente, que utiliza a internet, normalmente através das redes sociais como instrumento de humilhação, ameaças ou divulgação não autorizada de informações ou fotos pessoais.

50% das crianças em Portugal estão envolvidas em bullying, seja como vítima ou como agressor

Algumas estatísticas do bullying, estima-se que 50% das crianças em Portugal estão envolvidas em bullying, seja como vítima ou como agressor, e este acontece maioritariamente em ambiente escolar; Portugal é o 15.º país com mais relatos de bullying na Europa e America do Norte; 30% dos rapazes e 28,2% das raparigas já sofreram bullying. Em 2020 e 2021 a PSP registou 1400 queixas de bullying nas escolas; O ‘cyberbullying’ tem vindo a se tornar a forma mais frequente. Jovens LGBTQ+ são vítimas preferenciais de bullying em Portugal; e talvez a mais preocupante, mais de 60% das vítimas não denuncia o agressor.

O que podemos fazer para minimizar ou acabar com os casos de bullying?

As primeiras coisas que os pais podem fazer é estarem atentos aos filhos, nomeadamente a mudanças de comportamento repentinas, a marcas no corpo ou a alterações de humor sem explicação aparente.

Os bullys se “alimentam” do resultado e da sensação de poder que obtém com as agressões, se são ignoradas, perdem a “piada” e é comum que parem.

Quanto às vítimas, tentar limitar a oportunidade do agressor de praticar o bullying, por exemplo, ao andarem sempre acompanhados, tentar ganhar coragem e “enfrentar” o agressor, tentar não se deixar intimidar e responder assertivamente sem se deixar levar para o confronto físico, defender-se, contar a um adulto ou a um responsável da escola, ou em alternativa, escolher ignorar o agressor. Os bullys se “alimentam” do resultado e da sensação de poder que obtém com as agressões, se são ignoradas, perdem a “piada” e é comum que parem.

Outra ajuda importante que os pais podem dar é a conversa

Falar sobre o bullying e não só. Conversar com os filhos, perguntar o dia a dia na escola, o que fizeram, como fizeram, se gostaram do dia, quem são os amigos, o que fazem, quem são os que gostam e os que não gostam e por quê. É muito mais fácil para os pais detetarem o bullying quando estão atentos e ocorrentes do que se passam com os filhos. Não sejam apanhados de surpresa, agir cedo produz melhores resultados.

Os pais podem ainda procurar ajuda profissional, nomeadamente recorrendo aos psicólogos da escola ou fora. Há casos em que a dificuldade emocional de lidar com a situação pode ser grande, podendo em alguns casos dar origem a sintomas de ansiedade, depressão e outros.

Procurar ajuda não é sinal de fraqueza nem de falhas parentais, antes pelo contrário, é sinal de consciência e disponibilidade para fazer o que for preciso para promover o melhor desenvolvimento dos filhos.

Dr. Pedro Matos